Reconhecido por realizar pesquisas inovadoras na área de escoamento em dutos de petróleo, o Prof. Luis Fernando Alzuguir Azevedo, do Departamento de Engenharia Mecânica do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio), foi escolhido por especialistas no setor de petróleo e gás para receber o Prêmio Inovação Tecnológica 2020 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na categoria Personalidade da Academia. A cerimônia de premiação foi transmitida hoje, às 11h, no canal oficial da ANP no Youtube. Como não houve premiação em 2020, devido à pandemia da Covid-19, o CTC/PUC-Rio é bicampeão na categoria, tendo sido representado em 2019 pelo Prof. Marcelo Gattass, diretor do Instituto Tecgraf de Desenvolvimento de Software Técnico Científico da PUC-Rio (Tecgraf/PUC-Rio).
O professor foi homenageado por sua relevante contribuição para a pesquisa e o desenvolvimento no setor de petróleo e gás natural. Ao receber o troféu do Superintendente de Pesquisa de Desenvolvimento Tecnológico da ANP, Alfredo Renault, Azevedo expressou sua surpresa e honra por receber a homenagem, além de dedicar o prêmio aos pesquisadores que atuam na mesma área que ele.
“Eu recebo essa homenagem representando uma geração de pesquisadores que eu considero a terceira geração do sistema de Pós-graduação e pesquisa no Brasil, algo muito recente. Existe uma primeira geração que foi responsável por criar esse sistema nos anos 60, começando com a COPPE e a PUC-Rio. Foram eles que estabeleceram tudo o que a gente conhece de sistema de Pós-graduação. A geração na qual eu me incluo teve como finalidade, ainda que não imposta, montar uma infraestrutura de pesquisa, internacionalizar nossos alunos e colaborações com grupos no exterior e, principalmente, estabelecer um vínculo com a indústria, algo que se falava muito, mas só acontecia em poucos lugares”, ressaltou o professor.
Luis Fernando Azevedo destacou a importância da premiação e do apoio da ANP para a área de engenharia. “Um dos requisitos fundamentais para o Brasil ter uma rota de sucesso é garantir uma continuidade nas linhas de pesquisa de desenvolvimento industrial, em que os atuais e futuros engenheiros conseguem mirar ao longe e saber que daqui a alguns anos eles vão poder trabalhar naquela determinada linha, com financiamento continuado. É isso que garante a manutenção dos nossos melhores cérebros no Brasil. Trabalhar no exterior não é um problema, desde que seja uma opção e não uma questão de sobrevivência”.
O professor também evidenciou a atual situação dos pesquisadores do Brasil a partir dos dados fornecidos pela palestra ministrada pelo Prof. Carlos Henrique de Brito Cruz, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em que ele comparou o número de pesquisadores acadêmicos ou industriais somados por milhão de força de trabalho em diversos países: "No Brasil, temos apenas 220 pesquisadores por milhão de força de trabalho. No nosso vizinho Chile, são 1.035. No México, que está na mesma liga que o Brasil, 1.430. Se mudarmos de patamar e olharmos para a Coreia, este número chega a cinco mil. Na Espanha, 14 mil, no Japão, 25 mil, e no Reino Unido, 55 mil pesquisadores por milhão de força de trabalho. Além disso, nestes países da Premier League, 60 a 80% estão na indústria, enquanto no Brasil, dos nossos 220 pesquisadores por milhão, menos de 25% estão na indústria. Então, acredito que ainda temos um longo caminho a percorrer e essa iniciativa na ANP e seu apoio continuado são fundamentais”, afirmou o professor.
Luis Fernando Alzuguir Azevedo é professor da PUC-Rio há 35 anos, onde fez graduação e mestrado. Sua formação em Engenharia Mecânica foi complementada com o doutorado na Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos. Suas pesquisas se concentram na área de mecânica dos fluidos e transferência de calor experimentais. Azevedo trabalha ainda com linhas de pesquisa voltadas para a garantia de escoamento de petróleo, métodos ópticos em mecânica dos fluidos, turbulência e escoamentos multifásicos.
Com mais de cem trabalhos publicados em congressos, quase 40 artigos aceitos em periódicos científicos, Azevedo soma 147 alunos orientados, seja em Iniciação Científica, Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), Mestrado, Doutorado ou Pós-doutorado, ao longo de sua trajetória acadêmica. “Fiquei surpreso e, ao mesmo tempo, honrado com a homenagem. É um reconhecimento da importância da pesquisa básica para a solução de problemas de uma indústria tão competitiva, como a de óleo e gás.”, reforça Azevedo. Entre suas conquistas relevantes para a premiação, além dos trabalhos científicos publicados na área, estão a implantação do Laboratório de Escoamento Multifásico na PUC-Rio e do Centro de Tecnologia em Dutos em Duque de Caxias, além de colaborar na criação do curso de especialização em Engenharia de Dutos na PUC-Rio que já formou mais de 350 profissionais.