Cinco departamentos apresentaram seus estudos na segunda edição do Encontro CTC Pesquisa e Inovação
A segunda edição do evento “Encontro CTC Pesquisa e Inovação” reuniu, no dia 12/05, via Zoom, diversos projetos da PUC-Rio sobre agricultura e desenvolvimento sustentável. O objetivo foi apresentar as diferentes atuações que possam contribuir para o agronegócio de maneira sustentável, além de possibilitar novas parcerias entre os departamentos. Foram mais de 30 projetos apresentados pelos departamentos de Engenharia Civil, Engenharia Industrial, Engenharia Química e de Materiais, Informática e Química, que podem ser vistos em detalhes no vídeo publicado na página Inovação/Encontro CTC/Pesquisa e Inovação do site do CTC/PUC-Rio: https://url.gratis/IdwXM.
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental:
O departamento apresentou projetos voltados para a reutilização de resíduos de vegetais e restaurações de terras agrícolas. O Laboratório de Estruturas e Materiais (LEM) conta com as parcerias com Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNpq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), além de participar de editais da Organização das Nações Unidas (ONU).
Na área de fibras naturais, a equipe do LEM propõe que sejam utilizadas fibras encontradas na natureza, como as folhas de sisal, e resíduos agrícolas como reforço de blocos de concreto. Cascas de arroz e cinza do bagaço da cana-de-açúcar também podem ser um substituto parcial do cimento. Os projetos dessa aérea são patrocinados pela FAPERJ, CNPq e Capes e o laboratório pretende buscar parcerias com empresas produtoras de concreto e cimento para levar projeto adiante.
Na parte de compósitos, materiais formados pela união de outros materiais com o objetivo de se obter um produto de maior qualidade, são desenvolvidos estudos de impressões 3D de matrizes poliméricas feitas com sobras de vegetais, chamados de biocompósitos.
O LEM, com a representação do Prof. José Araruna, aproveitou rochas de um túnel de 40 km extensão, para fazer a restauração de terras agrícolas. Para o desenvolvimento do estudo de caso, foram necessários estudos topográficos, hidrológicos e geotécnicos, além da análise de estabilidade. As rochas tinham como origem um outro projeto do professor Araruna, que foi a criação de uma rota alternativa para a passagem de tubulações de gás entre o Rio de Janeiro e Macaé. A estrutura original atravessava a reserva biológica do Mico Leão Dourado e por isso foi necessária a criação de uma rota alternativa. Araruna tem projetos com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Petrobras dentro e fora do estado do Rio de Janeiro. Além disso, participou da criação de um livro, Sustainable Water Management in Developing Countries, em parceria com a Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD), sobre agricultura sustentável.
Departamento de Química
Na área de agricultura e desenvolvimento sustentável, o Departamento de Química mostrou as atividades de dois laboratórios: Laboratório de Eletroanalítica, Espectroanalítica e Análise Elementar Aplicada (LEEA) e Laboratório de Química em dispositivos microfluídicos (MicroFlow ChemLab). Os projetos estão ligados à análise de agrotóxicos e à criação de micro reatores feitos de bambu.
Laboratório de Eletroanalítica, Espectroanalítica e Análise Elementar Aplicada (LEEA):
A equipe de pesquisa do Prof. Ricardo Aucélio, coordenador do LEEA, é referência na análise de pesticidas. O grupo desenvolve sensores eletroquímicos capazes de identificarem qual pesticida é necessário em cada tipo de infestação. Além disso, verificam a quantidade de agroquímicos e fazem análises da degradação dos praguicidas.
Laboratório de Química em dispositivos microfluídicos (MicroFlow ChemLab):
Foi desenvolvido pelo Prof. Omar Pandoli, coordenador do laboratório, um microreator sustentável feito de bambu. O dispositivo serve para a utilização de reações catalíticas. Considerando a velocidade do crescimento do bambu e o baixo custo de produção do equipamento, esse feito é algo importante tanto para a sociedade quanto para o meio ambiente. No MicroFlow ChemLab também são trabalhados projetos de dispositivos eletroquímicos, circuitos elétricos 3D, aquecedores multifluídicos multicanais e células eletroquímicas.
Departamento de Engenharia Industrial
O departamento trabalha desde 2015 com temas relacionados à criação de novos produtos, infraestrutura, transporte e cadeias de suprimentos. Em 2016 a equipe iniciou uma parceria com a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e a Universidade de Aalborg, na Dinamarca, para o desenvolvimento de projetos de infraestruturas sustentáveis.
O Prof. Márcio Thomé apresentou um resumo de sua atuação na revisão de estudos de casos e projetos, para que essas iniciativas estejam adequadas às demandas ambientais e sociais. Ao todo, o professor mostrou 16 trabalhos desenvolvidos ao longo desses seis anos. O mais recente foi a avaliação da Política Nacional de Biocombustíveis (Renovabio), em que o etanol e a soja são os principais biocombustíveis do Brasil.
Para os trabalhos em curso, foram apresentados seis projetos. Destas iniciativas, pode-se destacar uma em parceria com a Universidade de La Rochelle, na França, em que estão sendo desenvolvidas escalas de medidas de aprendizados de sustentabilidade em cadeias de suprimentos.
Para o futuro, foram apresentadas extensões de projetos já desenvolvidos como energias renováveis em transportes, planejamento conjunto de vendas e operações de sustentabilidade, sustentabilidade na tomada de decisões, gerenciamento de emissões de carbono e logísticas de sustentabilidade urbana.
Departamento de Engenharia Química e de Materiais:
Considerando a demanda global por alimento, o departamento apresentou formas de desenvolver tecnologias para poupar a terra durante a produção de alimentos. Estudos desenvolvidos no departamento propõem que sejam utilizadas biomassas para a fabricação de adubo à base de biocarvão/bio-óleo a partir do eucalipto, resíduos de coco, bagaço de malte, bagaço da cana-de-açúcar e de plantas aquáticas como o aguapé, papiro-brasileiro e salvina.
O método proposto pelo departamento foi possível a partir do conhecimento sobre “a terra preta do índio”, conceito desenvolvido depois de descobrirem que existia um lugar específico na Amazônia onde a terra é fértil e escura devido ao carvão. O carvão serve como um filtro. A ideia é que uma terra pouco fértil pode se tornar mais produtiva com a adição de fontes minerais como o carvão. A técnica pode ser utilizada também para a recuperação de terras degradadas.
Departamento de Informática:
A partir do entendimento de que “Agro é tech”, o departamento de informática apresentou projetos de tecnologias, ciências de dados e IoT para o agronegócio.
O departamento apresentou projetos dos laboratórios VisionLab, TeleMídia e LAC.
VisionLab – Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento em Visualização
No VisionLab foi desenvolvido em 2011 um sistema bem-sucedido internacionalmente. Neste software, a partir de imagens, é possível fazer análises de manejo de terra e previsões de degradamento do solo, além de relatórios.
TeleMídia – Núcleo de Inovação Tecnológica
No TeleMídia, um projeto de codificação de imagens colaborou no reconhecimento precoce de vacas doentes.
Adicionalmente, o núcleo propõe que a metodologia empregada para o reconhecimento de surfistas em praias possa ser utilizada na recuperação de gado que se perca durante o manejo da manada. No laboratório também foi desenvolvido um sistema de análise de mercado, para facilitar os investimentos e transações do agricultor.
Laboratório de Colaboração Avançada (LAC)
Um projeto chamado “nuvem de drones” conta com o financiamento da Força Aérea dos Estados Unidos. Com os drones, é possível fazer a aplicação de pesticidas com maior precisão e evita também a contaminação do trabalhador rural. O laboratório mostrou interesse em fazer parceria com o AeroRio, equipe especializada em construção de aeronaves não-tripuladas da PUC-Rio, para o desenvolvimento de drones que possam ter uma precisão de até 20 centímetros para a adubação.