O IX Prêmio Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (CREA-RJ) de Trabalhos Científicos e Tecnológicos 2020/2021 teve quatro projetos do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio) gratificados e selecionados para compor o e-book “A tecnologia superando barreiras em prol da vida”. O compilado é uma homenagem a diversos trabalhos acadêmicos, do ensino superior e médio-técnico, das áreas de Engenharia, Agronomia, Geologia, Geografia e Meteorologia. Do Centro, foram escolhidas: uma pesquisa de Doutorado, duas de Mestrado e uma de Graduação, todos do Departamento de Engenharia Civil. O e-book com todos os estudos premiados pode ser acessado em: https://novoportal.crea-rj.org.br/premiocrea/.
Premiação é estímulo para a criação de uma spin-off
O aluno de doutorado em Engenharia Civil, Julio Cesar Prezotti, sob orientação do Prof. José Tavares Araruna Junior, se dedicou ao estudo do “Desenvolvimento de sistema de gestão ambiental para os resíduos de rochas ornamentais sob a ótica dos conceitos de processos de produção ecoeficientes”, voltado para a indústria de rochas como o granito.
Julio ressalta que "a premiação do CREA/RJ para a nossa tese de doutorado demonstra a importância do desenvolvimento da ciência e das pesquisas acadêmicas em prol da melhor aplicação da engenharia, resultando na melhoria da qualidade de vida das pessoas”.
Para o orientador Prof. Araruna, o prêmio é fundamental para ampliar a visibilidade dos trabalhos científicos realizados por instituições de ensino e pesquisa do Rio de Janeiro. Ele acrescenta: “No nosso caso em particular, a premiação contribuirá para o sucesso da spin-off Solonovo Soluções Ambientais nas suas ações de restauração de pastagens degradadas no Vale do Paraíba."
Estudo pouco desenvolvido no Brasil trata da segurança em grandes construções contra danos de alta dimensão
No mestrado em Engenharia Civil, sob orientação do Prof. Luiz Carlos Wrobel, José Guilherme Porto Oliveira estudou a “Análise do colapso progressivo de uma estrutura de concreto armado por meio do método dos elementos finitos”, com foco na investigação de modelos da estrutura de um edifício. Ele explica a importância de estudar um tema cujo resultado pode provocar grandes prejuízos humanos e econômicos, caso ocorra um colapso progressivo provocado por um dano que leve a uma ruína em cadeia.
“Edifícios com as mais diversas finalidades estão sujeitos a eventos como impacto de veículos, explosões e perdas repentinas de elementos que garantem sua estabilidade. O tema que escolhemos para o trabalho ainda foi pouco explorado aqui no Brasil e, de antemão, notamos essa carência de referências a respeito. Cientes da necessidade de oferecer um procedimento confiável para avaliação desse fenômeno e seu posterior emprego por projetistas, conduzimos uma série de análises numéricas, por meio do método dos elementos finitos, e avaliamos os principais fatores que influenciam as simulações e os seus resultados. O prêmio foi o reconhecimento de um trabalho desenvolvido por mim e pelo professor Wrobel ao longo dos anos de 2019 e 2020. Foi uma honra ser um dos indicados pelo departamento, o que para nós foi a prova da relevância deixada pelo trabalho”, evidencia o aluno.
O Prof. Wrobel destaca ainda que este reconhecimento do CREA é mais um indicativo da excelência da dissertação de mestrado e do seu caráter atual. “As Normas Brasileiras de Concreto Armado falam muito pouco sobre esse importante assunto, ao contrário de normas de outros países como a Inglaterra e os Estados Unidos, onde atentados como o ataque ao World Trade Center causaram um enorme número de vítimas. Também na Inglaterra, acidentes como o acontecido no edifício Ronan Point, em 1968, causou uma grande comoção”.
Wrobel especifica que as estruturas suportam três tipos de cargas: as permanentes, variáveis e a excepcional, esta última com baixa probabilidade de ocorrência, mas capaz de provocar efeitos catastróficos e culminar em um colapso progressivo. Ele frisa que a localização privilegiada do Brasil, onde a ocorrência de catástrofes naturais é quase nula, despertou pouco interesse da comunidade científica acerca do tema. Contudo, Wrobel chama atenção para o processo de verticalização das cidades e da construção de edifícios cada vez mais altos, o que intensifica a demanda por recomendações de segurança e estruturas mais robustas.
“As prescrições normativas brasileiras são discretas no que se refere ao colapso progressivo de estruturas. A NBR 6118/2014 trata do tema de modo sucinto, sem defini-lo ou caracterizá-lo, também não estabelece critérios diretos para avaliação do risco ao qual a estrutura estaria sujeita ou cita mecanismos implícitos em seu modelo de cálculo ou detalhamento das armaduras que contribua para combatê-lo. As normas são responsáveis por estabelecer critérios para projetos e assim garantir segurança para a sociedade, naquilo que a compete. Se faz então necessário, que tais mecanismos sejam avaliados e quantificados em estruturas projetadas segundo os critérios nacionais. Essa dissertação fornece uma importante contribuição sobre o assunto, que esperamos seja incorporado às Normas Brasileiras em um futuro próximo”, diz o Prof. Wrobel.
Solar Grandjean de Montigny, da PUC-Rio, ganha estudo
Na graduação em Engenharia Civil, Gabrielle Martins, sob orientação da Profª. Deane Roehl, levantou o questionamento sobre o “Desenvolvimento de as-built de patrimônios históricos com base em heritage building information modeling – Caso de estudo: Solar Grandjean de Montigny”. O estudo investiga através de técnicas não invasivas os materiais empregados, os elementos estruturais, as fundações, e as intervenções sofridas ao longo dos anos, em uma estrutura histórica com documentação técnica muito limitada. A base de dados desenvolvida permitirá avaliar a integridade da estrutura e programar futuras intervenções para a sua manutenção.
Para a Profª. Deane, o trabalho de final de curso da aluna destacou como as tecnologias digitais podem ser usadas para o monitoramento estrutural, reconstrução histórica e avaliação da integridade do patrimônio histórico. “O trabalho teve como objeto o Solar Grandjean de Montigny, localizado no Campus da PUC-Rio, e requereu o desenvolvimento de novas habilidades e o uso de diferentes tecnologias, como escaneamento de estruturas, tratamento digital de imagens, construção de modelos BIM e a recuperação de documentos históricos. A metodologia desenvolvida no projeto mostra que modelos digitais são uma excelente ferramenta para engenheiros e gestores de patrimônio. O destaque conferido pelo prêmio do CREA é um incentivo para que a Engenharia Nacional busque nas Universidades parcerias para a inovação no setor", enfatiza a professora.
A aluna Gabrielle acrescenta que as pesquisas científicas e os avanços tecnológicos andam lado a lado. Ela reforça que a engenharia é uma das áreas do conhecimento que progride de forma estimável, mas precisa estar mais atrelada ao mercado de trabalho: “A engenharia sempre teve uma associação técnica bem fundamentada que, por várias vezes, foi tomada como absoluta. Esta condição pode ser estendida também para as atividades práticas, que se tornam, por muitas vezes, obsoletas. Sendo assim, observa-se a necessidade de aproximar o meio acadêmico do mercado de trabalho. Pode-se observar grande contribuição das pesquisas científicas, seja à nível técnico, graduação ou pós-graduação”.
Além disso, para a estudante, o CREA é um elo importante para (re)aproximar a academia e o meio profissional. “Durante o projeto, pude desenvolver habilidades e adquirir conhecimentos bastante variados, para me capacitar e promover ganhos à sociedade, conforme o tema da edição deste ano: A tecnologia superando barreiras em prol da vida. Sendo assim, a premiação garante um estímulo à comunidade científica, valorizando a produção de estudantes e professores nacionalmente. Além de promover a disseminação de novas ideias e metodologias da área científica no âmbito profissional", afirma a aluna.
Investimento em fontes renováveis
Já no mestrado em Engenharia Urbana e Ambiental, sob orientação do Prof. Rodrigo Calili, João Luis Roehl Junior elaborou o tema “A perspectiva do investidor na seleção de tecnologias de geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis: uma abordagem multicritério”, com destaque para a separação de 16 critérios mais relevantes para a escolha da tecnologia ideal.
“Esperamos ter contribuído para auxiliar os investidores nas decisões de investimentos e os governos a moldarem políticas em concordância com as necessidades do mercado de energia renovável e os acordos internacionais firmados. Parabenizo o CREA-RJ pela iniciativa de valorizar a pesquisa científica do Estado do Rio de Janeiro”, destaca o Prof. Calili.
João Roehl explica que “o estudo procura orientar o investidor na escolha das tecnologias de geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis”. Além de ter ficado lisonjeado pela indicação e conquista do prêmio, ele frisa que “foi uma excelente oportunidade de reconhecimento e divulgação da produção acadêmica com foco na importância do desenvolvimento tecnológico em prol da sociedade”.