Luiza Cunha, doutoranda em Engenharia de Produção, vence Prêmio POMS na Categoria América Latina/Caribe com estudo sobre Operação Acolhida

De acordo com dados do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, nos últimos cinco anos, mais de 700 mil venezuelanos entraram no Brasil. Tratando deste tema, a aluna Luiza Cunha, doutoranda em Engenharia de Produção do Laboratório HANDs (Humanitarian Assistance and Needs for Disasters), venceu o prêmio Emerging Economies Doctoral Student Award (EEDSA 2022), na categoria América Latina/Caribe, da Sociedade de Gestão de Produção e Operações (POMS, sigla em inglês), a principal sociedade de Engenharia de Produção do mundo. Seu artigo “Challenges to scale migrant-receiving countries Humanitarian Operations/Desafios para escalabilidade de operações humanitárias em países destino de migrantes”, que trata do movimento migratório Venezuela-Brasil, ficou entre os melhores artigos de estudantes de doutorado de países emergentes.

O estudo na área de logística humanitária trata dos desafios e impactos da Operação Acolhida (operação do Governo Federal Brasileiro, realizada desde fevereiro de 2018, com objetivo de recepcionar, abrigar e interiorizar os venezuelanos que atravessam a fronteira, prestando auxílio humanitário).  Por meio de simulação, a aluna representa a Operação Acolhida, que ocorre principalmente em Roraima, próximo à fronteira Brasil-Venezuela. Ela simula políticas para diferentes momentos (com maior fluxo e menor fluxo migratório), a fim de propor soluções para questões logísticas e financeiras de forma plena, funcional e sem gastos desnecessários. “Com os dados empíricos coletados, simulações foram realizadas quantitativamente, demonstrando como diferentes políticas podem influenciar a capacidade de acolhimento e abrigo das pessoas mais vulneráveis. Os resultados permitem definir as melhores políticas a serem adotadas de acordo com o objetivo da Operação, de curto prazo ou médio e longo prazo”, reforça a aluna. 

Ao visitar Boa Vista e Pacaraima, Luiza confirmou a estruturação da Operação Acolhida, recebendo bem os venezuelanos no Brasil e elogiou a forma como ela mesma foi recebida pela equipe da Operação. Para entender a Operação, ela visitou abrigos em Boa Vista, alojamentos em Pacaraima, a base militar e conversou com os gestores dos abrigos e representantes de diversas organizações humanitárias envolvidas na Operação (OIM, ACNUR, UNICEF, MSF e ONU Mulheres).

Neste momento, a pesquisa continua e Luiza está desenvolvendo um modelo de dinâmica de sistemas para capturar a complexidade da operação e como escalar uma operação humanitária desse porte, que se baseia em três pilares: ordenamento da fronteira, o abrigamento dos venezuelanos e a interiorização desses imigrantes, para inserção socioeconômica dessa população para o resto do Brasil.

Segundo a pesquisadora, é fundamental estarmos preparados para essas situações, pois problemas humanitários podem ocorrer a qualquer momento. “O movimento migratório pode acontecer repentinamente (temos o exemplo da guerra na Ucrânia) e essas pessoas ficam em uma situação de extrema vulnerabilidade. É um momento de desespero e por isso precisamos aprender a como escalar uma operação desse tamanho”, ressalta.

A Operação Acolhida e outro estudo de caso (sobre o impacto que as doações tiveram nas comunidades do Rio de Janeiro durante a pandemia — já publicado na revista internacional Annals of Operations Research) estarão presentes na tese de doutorado da aluna, que será defendida ainda esse ano e que conta com a orientação da Profª Adriana Leiras, do Departamento de Engenharia Industrial do CTC/PUC-Rio e coordenadora do Laboratório HANDs.

quinta-feira, 26 de maio de 2022
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