Vestibular da UFJF adota metodologia do CTC/PUC-Rio e otimiza número de candidatos que podem ir a pé até o local de prova



Estudo de mestrando em Engenharia de Produção do CTC/PUC-Rio é aprovado pelo Reitor da UFJF ao diminuir a distância entre residências dos alunos e locais de prova 

Quase 35 mil alunos que farão o vestibular da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em fevereiro e março, poderão acessar no dia 08 de fevereiro o comprovante de inscrição com a definição do local em que farão as provas. A distribuição de tais alunos nos locais de prova foi objeto de estudo do aluno Thiago Edmar, servidor da UFJF e aluno do mestrado em Engenharia de Produção do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio). Sob a orientação do Prof. Rafael Martinelli, do Departamento de Engenharia Industrial do CTC/PUC-Rio, e coorientação do Prof. Bruno Milanez, do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da UFJF, Thiago ofereceu à UFJF uma nova metodologia para otimizar a alocação dos candidatos, diminuindo a distância entre suas casas e os locais de prova, por meio da geolocalização dos respectivos endereços. Essa matemática complexa, com uma enorme gama de dados, resultou em uma mudança extremamente benéfica aos alunos. Ao otimizar a alocação dos candidatos, visando à redução do deslocamento dos mesmos, a nova metodologia contemplou em 2021 quase oito vezes mais candidatos de Juiz de Fora que poderão ir a pé para a prova, algo em torno de 3.700 estudantes. Enquanto que, em 2020, isso representou apenas 1,7% dos alunos da cidade, agora, em 2021, esse número subiu para 12,62%. Com essa aplicação, a pesquisa traz impactos positivos para o bem-estar dos estudantes, além de diminuir os engarrafamentos, a poluição atmosférica e até mesmo a poluição sonora próxima aos locais de prova.   

Os alunos dos três anos do Ensino Médio fazem o vestibular da UFJF, chamado de PISM (Programa de Ingresso Seletivo Misto), e são aprovados os que conquistarem as maiores somas ao longo do período. Para dar início ao estudo, foi realizada uma pesquisa de satisfação com os alunos, justamente para verificar se estavam satisfeitos com os locais em que fizeram as provas de 2020. Cerca de 5.700 candidatos responderam a quatro perguntas objetivas: qual foi a distância do local de prova até sua casa (64% responderam longe ou muito longe); você ficou satisfeito com essa escolha? (30% insatisfeitos); havia outro local de prova mais próximo de sua casa? (42% sim) e como você vai chegar no local da prova (51% carro próprio)? Com estes resultados, ficou clara a necessidade de mudança no processo de alocação da UFJF.  

Como parâmetro, o aluno Thiago Edmar e os professores Rafael Martinelli e Bruno Milanez determinaram que os estudantes que morassem a mais de 50km dos seus locais de prova, cerca de 55% do total, seriam alocados, mas não teriam suas distâncias consideradas, já que são alunos que viajam para fazer o PISM. Além disso, os dados de 2019 e 2020 foram avaliados de acordo com a metodologia proposta e, no caso de Juiz de Fora, por exemplo, no ano de 2019, a redução da distância chegaria a cerca de 40%, com menos 56 mil km de deslocamento.  

A UFJF fará uma nova pesquisa de satisfação entre os alunos este ano, ao liberar acesso ao comprovante de inscrição. Desta forma, será possível avaliar o impacto dessa nova metodologia no PISM.  


Os pesquisadores ressaltam que foi adotado um respeito estrito pelos dados pessoais dos candidatos, tendo em conta a Lei Geral de Proteção de Dados - a legislação nacional brasileira de proteção de dados -, e melhores práticas no tratamento e salvaguarda de informações privadas. Em qualquer parte do processo aplicado, não houve acesso aos dados pessoais, mas somente aos endereços dos candidatos. Desta forma, não houve qualquer possibilidade de adquirir ou identificar quaisquer outros dados dos candidatos nos processos de seleção consultados.  


As provas do PISM são aplicadas em cinco cidades, de dois estados: Juiz de Fora, Governador Valadares e Muriaé, em MG; e Volta Redonda e Petrópolis, no RJ. Este ano, devido à pandemia de Covid-19, elas serão aplicadas em finais de semana diferentes: dias 27 e 28/02 para os alunos dos Módulos 2 e 3 (correspondentes aos 2º e 3º anos) e dias 13 e 14/03 para os alunos do Módulo 1.  


A oferta do Mestrado em Engenharia de Produção da PUC-Rio aos alunos da UFJF é resultado de um programa de cooperação chamado Mestrado Interinstitucional (Minter). Os professores da PUC-Rio vão a Juiz de Fora para as aulas e a orientação fica a cargo de um professor da PUC-Rio e a coorientação fica com um professor da UFJF. "Nossa intenção é incentivar a criação de um programa de pós-graduação em Engenharia de Produção na UFJF, já que o Estado de Minas Gerais só tem três programas, oferecidos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)", ressalta Martinelli.   


Além disso, para colocar em prática toda a análise dos dados, a pesquisa utilizou somente programas gratuitos. "Minha proposta foi oferecer à UFJF uma metodologia que não tenha qualquer custo para a universidade", revela Thiago.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
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