Em
sua segunda Nota Técnica “Dimensionamento de leitos para os casos de infecção
por COVID-19 no Estado do Rio de Janeiro para o dia 04 de abril de 2020”, os
pesquisadores do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (NOIS) —
formado por profissionais do Departamento de Engenharia Industrial do Centro Técnico
Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio), do Instituto Nacional de Infectologia
Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), do Instituto D’Or de Pesquisa
e Ensino e da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro — estimam que,
até 04 de abril, num
cenário pessimista, poderão ser necessários até 1.793
leitos para atender aos doentes por coronavírus que serão hospitalizados no
Estado do Rio de Janeiro.
Esse
número representa 52% dos casos previstos para a data, que são de 3.449
infectados na região. Para chegar ao total de leitos necessários, o
levantamento aplicou aos números do Estado do RJ os dados italianos,
do “Sito del Dipartimento della Protezione Civile”, em que 44% do total acumulado de pacientes
detectados com coronavírus ficaram em internação e 8% foram para a UTI.
O
estudo também utilizou dados de dezembro de 2019 do Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (CNES). De acordo com o CNES, excluindo leitos
obstétricos e psiquiátricos, o Estado do RJ comportava um total de 19.447
leitos públicos, sendo 18.272 de internação hospitalar e 1.175 de UTI. No caso
dos hospitais privados, havia 10.746 leitos de internação e 3.006 de UTI.
Ainda
que este total seja de 30.193 leitos, a pesquisa constata que a demanda pelo
serviço público será muito superior, já que apenas 31% da população do Estado
têm plano de saúde. Considerando 69% dos
1.793 leitos necessários na estimativa, num pior cenário, o serviço público terá que oferecer até 190 vagas em UTI e até 1047l eitos para internação em todo o Estado. Para a rede privada, a demanda
prevista será de 86 leitos de UTI e 470 para internação hospitalar.
Ele
chama atenção ainda que, com o decorrer das semanas, a doença irá atingir todas
as classes sociais, com maior impacto no serviço público para atendimento à
população. Outro complicador levantado pelo NOIS é a distribuição
desigual de leitos no Estado do RJ, pressionando as autoridades a um
planejamento ainda mais rigoroso.
A
disponibilidade de recursos hospitalares deve levar em consideração também o
tempo estimado de permanência para cada quadro da doença: 7,5 dias para
internação e 10 dias para UTI. Por falta de dados suficientes detalhados de
internação por coronavírus, os pesquisadores do NOIS utilizaram como referência
as admissões por influenza e pneumonia (Códigos CID: J09-J18) do Sistema
Público de Saúde (SUS) brasileiro.
Os
pesquisadores do NOIS reforçam que ainda há poucos casos de COVID-19 no Brasil
e a evolução da pandemia é incerta, sendo necessário rever o número projetado
de casos em função de novas informações e premissas.
Mais
informações em https://sites.google.com/view/nois-pucrio e no Twitter do NOIS: https://twitter.com/NOIS_PUCRio.