O terceiro relatório do Núcleo de Operações e Inteligência e Saúde
(NOIS), formado por pesquisadores do Departamento de Engenharia Industrial do
CTC/PUC-Rio, Instituto Tecgraf/PUC-Rio, Barcelona Institute for Global Health
(ISGlobal)/Espanha, Divisão de Pneumologia do InCor, Hospital das Clínicas
FMUSP, Universidade de São Paulo, Secretaria de Estado de Saúde do Rio de
janeiro, SES RJ, Brasil, e Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino, denominado “Análise
das medidas de contenção da COVID-19 até 17 de março de 2020”, traz um
comparativo da evolução do Coronavírus no Brasil com China, Coreia do Sul,
Itália e Espanha.
O
estudo avalia as diferentes ações adotadas entre os países a partir do dia em
que alcançaram 50 casos do Coronavírus (com exceção da China). Ele mostra por
meio de escalas aritmética (aumento do número de casos) e logarítmica (evolução
da taxa de crescimento de casos) que as medidas de isolamento impactaram de
forma positiva, reduzindo o contágio e estabilizando o poder de contaminação.
Quarentena, testagem massiva, isolamento da população, fechamento de escolas e
fronteiras e proibição de eventos, por exemplo, foram implantadas e
interferiram diretamente nos resultados. Estes resultados, no entanto, diferem
de acordo com o tempo em que as medidas levaram para serem implantadas e
quantos casos cada país tinha desde o primeiro dia de adoção.
No
Brasil, ainda que apenas SP tenha chegado a mais de 50 casos confirmados até 17
de março (164, na verdade), a suspensão das escolas se dará somente a partir de
23 de março, indo contra todas as ações de outros países. Outros estados já estabeleceram
medidas de contenção, como fechamentos de shoppings, academias e a suspensão de
eventos (dia 17 de março, no RJ, e dia 18 de março, em SP). Se a tendência dos
demais países se repetir, os resultados só serão perceptíveis daqui a uma a
duas semanas, já em abril. O estudo chama atenção de que é primordial que o
Brasil busque utilizar a experiência dos países que tiveram sucesso no controle
da epidemia em âmbito nacional.
Na
China, cuja quarentena começou em 23 de janeiro, com 199 doentes por
Coronavírus, as ações começaram a dar resultado de 8 a 16 dias depois, quando o
número de casos já estava acima de 10 mil. Na Coreia, que agiu rapidamente
quando havia apenas 16 infectados confirmados no país, a primeira ação foi o
fechamento da fronteira com a província chinesa de Hubei em 04 de fevereiro (essa,
com mais de mil casos à época). No dia 16 do mesmo mês, foi implantado o
isolamento e já eram registrados 104 casos, um número relativamente reduzido em
relação ao crescimento exponencial observado na China no mesmo período. Entre 8
e 14 dias depois, a situação foi estabilizada na Coreia do Sul, ainda neste mês
de março.
Itália
e Espanha ainda estão na fase de crescimento exponencial, com a adoção de
medidas quando o número de casos de Coronavírus já estava muito elevado. No
caso da Itália, as ações começaram somente em 04 de março, com o fechamento das
escolas e mais de 3 mil casos confirmados. Além disso, as ações foram adotadas
em diferentes dias e, com o crescimento acentuado do contágio, à medida em que
elas eram oficializadas, o número de doentes tinha triplicado, como foi o
início da quarentena, em 09 de março (apenas cinco dias depois do fechamento
das escolas), quando o país já tinha mais de 9.100 casos confirmados. A
desaceleração no crescimento da doença entre os italianos se deu pelas medidas
regionais, quando diversas províncias se fecharam, impedindo a circulação entre
regiões vizinhas.
No
caso da Espanha, o isolamento de três comunidades autônomas (Madrid, País Basco
e La Rioja) se deu no dia 10 de março, cerca de 3 a 7 dias depois de
constatados os primeiros 50 casos em cada comunidade. Em países como Itália e
Espanha, as medidas de fechamento nacionais foram tardias, o que pode ter
contribuído para que a propagação da COVID-19 não tenha sido desacelerada a
tempo.
Mais
informações em https://sites.google.com/view/nois-pucrio e no Twitter do NOIS: https://twitter.com/NOIS_PUCRio.