Diante
de todas as dúvidas surgidas em função da pandemia do coronavírus, dois
laboratórios do Departamento de Química do Centro Técnico Científico da
PUC-Rio(CTC/PUC-Rio) estão usando seus perfis no Instagram para
divulgar dicas de como se proteger da COVID-19. As redes sociais dos laboratórios
de Química Atmosférica (LQA) e o Macromoléculas e
Nanopartículas (M&N)
orientam a população de forma fácil e didática, para que todos consigam se
proteger adequadamente do vírus.
Máscaras
As máscaras
têm se tornado obrigatórias em diversas cidades, já que podem limitar a
propagação do coronavírus. Com isso, muitos optam por fazer em casa e o LQA
orienta que os materiais mais confortáveis para a produção de máscaras caseiras
são a camiseta 100% de algodão, que chega a 69% de proteção, e as fronhas, que
chegam ao índice de 57%. Para reduzir
ainda mais as chances de contaminação o M&N explica como deve ser feita a
análise do tecido escolhido para a confecção das máscaras caseiras: com uma
lupa ou com o zoom da câmera do celular, é possível identificar o tamanho dos
poros do tecido. Eles
devem ser pequenos o suficiente para reter as gotas de saliva que carregam o
vírus. Mas
eles não podem ser pequenos demais a ponto de não deixar o ar passar.
O
M&N também recomenda a troca das máscaras a cada duas horas ou imediatamente,
caso a máscara esteja úmida. Além da
orientação de nunca tocar na máscara (a não ser para colocar e retirar), é fundamental
sempre tirá-la pelas alças, mantendo-a distante do rosto. Para a higienização,
o laboratório aconselha que as máscaras sejam
deixadas de molho entre dez e 30 minutos em uma mistura
de uma colher de sopa de água sanitária em 500ml de água (dependendo do tecido,
é possível que o processo faça a máscara desbotar). Depois, lave normalmente
com água e sabão e deixe secar em um lugar bem ventilado. Por fim, pode também
passar a ferro quente antes de guardar.
Superfícies
Uma
dúvida recorrente é com relação ao tempo de vida da COVID-19 nas superfícies, o
chamado “tempo de estabilidade”. Os cientistas estão pesquisando quanto
tempo o vírus vive em estado de aerossol e parece que leva cerca de 70 minutos
para a quantidade reduzir à metade (“Tempo de Meia-Vida”). Segundo o
LQA, o coronavírus pode estar em qualquer ambiente. No plástico e no aço, o
COVID-19 pode ficar até 72h (três dias). No papelão são 24h e no cobre, 4h
apenas. Os vírus são reduzidos à metade em 90 minutos para o cobre, cerca de
5,5h para o aço, quase 7h para o plástico e quase 4h para o papelão.
Higienização
Em
seu Instagram, o M&N apresenta a forma mais adequada de higienização dos
aparelhos eletrônicos. Segundo o laboratório, os aparelhos devem estar
desligados, fora da tomada e sem a capa de proteção. A limpeza deve ser feita
com álcool 70% líquido e deve-se evitar que o líquido caia nas entradas dos
aparelhos.
Para os alimentos, o M&N diz que o
uso de sabão é suficiente, mas quem preferir pode deixar de molho em uma
mistura de água sanitária em água, seguindo as recomendações do rótulo do
produto.
A
limpeza de casa e das superfícies com água e sabão também é eficiente, pois nem
todo os bactericidas são capazes de destruir gorduras, sendo ineficientes
contra o coronavírus.
Usar
o álcool em gel 70% nas mãos é uma medida eficiente, pois o etanol atua contra
a capa protetora do vírus. Mas não adianta ter um estoque de álcool quando muitas
outras não têm. As chances de se contaminar devido à falta do produto por
outros são bem maiores do que se todos tiverem acesso ao produto. Com isso, o
M&N considera mais eficiente e barato lavar as mãos com água e sabão.
Contágio
O
LQA chamou atenção ainda para um estudo publicado na revista Nature,
uma das mais conceitudas mundialmente na área de ciência, que constatou a
presença do novo coronavírus no ar em partículas de poluição no ar. Estas
partículas contaminadas podem ser respiradas, indicando que a pandemia pode se
propagar com mais facilidade em locais mais poluídos.
Qualidade do ar e poluição
O Instagram do LQA ainda
mostra que a emissão de poluentes atmosféricos reduziu em até 80% no RJ, em até
50% em SP e Curitiba e até 45% em MG, devido às medidas de isolamento impostas
pela COVID-19. Redução na circulação de veículos, indústrias fechadas
temporariamente, suspensão das aulas, comércio não essencial interrompido e
redução da circulação das pessoas estão entre as causas para os resultados
positivos na qualidade do ar nestes locais.
Informar para conscientizar
“A
motivação é informar, de modo que as pessoas não acreditem em notícias falsas,
e, desta forma, possam tomar atitudes conscientes e responsáveis”, reforça
a Profª Adriana Gioda, coordenadora do Laboratório de Química Atmosférica e que
contou com a ajuda das alunas de doutorado Elizanne Porto e Karmel Beringui para a elaboração
do material publicado no Instagram (@lqapucrio) e também no site do
Departamento de Química do CTC/PUC-Rio no link http://www.qui.puc-rio.br/lqa-esclarecimentos-sociedade/.
A
Profª Ana Percebom, coordenadora do Laboratório de Macromoléculas e
Nanopartículas, e seus alunos de pós-graduação também são os responsáveis pelo
conteúdo do Instagram M&N Lab (@macro.nano.lab), que já tem mais de 11k
seguidores, com divulgação científica, informações sobre os projetos do grupo e
ainda dicas acadêmicas: “O objetivo é traduzir a Química para a sociedade,
já que ela é tão presente e tão útil, mas poucas pessoas a compreendem”.