Prof. Rodrigo Calili, do CTC/PUC-Rio, realizou estudo sobre eficiência do Horário de Verão
O professor Rodrigo Calili, do CTC/PUC-Rio, concedeu entrevista ao jornal O Globo, a respeito da eficiência do horário de verão. Confira a matéria publicada no dia 21/09, na íntegra:

BRASÍLIA – O governo estuda fazer uma enquete para consultar a população sobre a possibilidade de acabar com o horário de verão. A equipe de comunicação do presidente Michel Temer, entre eles o marqueteiro Elsinho Mouco, vai sugerir que o portal do governo produza uma enquete para ouvir a opinião das pessoas sobre o tema. O assunto está na Casa Civil e será decidido pelo presidente.

Interlocutores de Temer avaliam que o fim do horário de verão não trará desgaste para o presidente, e que a pesquisa serviria apenas para ouvir a população, após a grande repercussão da notícia sobre os estudos do governo.

Foi criado um grupo de trabalho pela Casa Civil para analisar a eficácia do horário de verão. A ideia é saber se a iniciativa, que já está incorporada à cultura do brasileiro, vale ou não a pena para o país.

Uma decisão sobre o tema precisa ser tomada até meados de outubro, quando está previsto o novo período. Por isso, no Ministério de Minas e Energia, técnicos não acreditam haver tempo hábil para fazer a consulta.

O horário de verão foi criado com o objetivo de economizar energia elétrica durante o período em que está em vigor, entre outubro e fevereiro. Um estudo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e do Ministério de Minas e Energia concluiu, no entanto, que essa política pública traz efeitos “próximos à neutralidade” com relação à economia de energia elétrica. Ou seja, o principal objetivo da medida, economizar eletricidade, não é mais atingido. Foi a partir daí que o assunto passou a ser analisado por outros entes do governo.

A avaliação é de que o período em que a maior parte do país adianta o relógio em uma hora já faz parte dos costumes e da cultura do brasileiro. Por isso, a decisão que vier a ser tomada levará em conta também esses aspectos, além da capacidade de economizar energia.

O professor da área de Engenharia Elétrica da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro Rodrigo Calili explica que, historicamente, o horário de verão é usado para economizar energia nos horários de pico. Esse horário, por outro lado, foi transferido para o meio da tarde, com uso de mais ar condicionado principalmente no comércio. Além disso, diz o professor, a iluminação tem ficado cada vez mais eficiente.

— O horário não está sendo eficiente em nível energético. É necessário se repensar. Será que a questão cultural pesa mais? Acho que não — disse ele.

As datas para o início e término do programa de economia de energia são definidas por meio de um decreto presidencial. Por isso, caso o governo decida pelo fim do horário, basta um novo decreto do presidente Michel Temer. O assunto não precisa passar pelo Congresso.

O programa foi instituído pela primeira vez no Brasil no verão de 1931/1932 e vem sendo adotado continuadamente desde 1985. Segundo dados do governo, a economia com o última edição do horário (entre outubro de 2016 e fevereiro) foi de R$ 159,5 milhões. Esse valor, considerado baixo pelo setor elétrico, é decorrente da redução do uso de usinas térmicas para complementar a demanda por energia.

Fonte: Manoel Ventura | Letícia Fernandes – Jornal O Globo

Link para a matéria: https://oglobo.globo.com/economia/governo-cogita-fazer-enquete-sobre-fim-do-horario-de-verao-21855592

sexta-feira, 6 de outubro de 2017
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