NOIS atualiza metodologia e faz novas projeções para o período de 03 a 20 de abril no País

O NOIS, Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde, ao acompanhar a evolução do número de casos no Brasil, reavaliou as projeções feitas até agora, com o objetivo de auxiliar no planejamento de ações ao combate à COVID-19. A Nota Técnica 6 (NT6) “Projeção de casos de infecção por COVID-19 no Brasil até 20 de abril de 2020” traz dados de Brasil e especificamente Rio de Janeiro e São Paulo (que somam 57% dos casos), entre os dias 03 e 20/04/2020 (18 dias à frente). Neste período, os números no País podem variar de 8.650 (melhor caso) para hoje (03/04) a 60.413 (pior caso) no dia 20, sendo 40.984 o mais provável. No cenário otimista, seguindo o desempenho dos melhores países, isso cai para 35.298. No pessimista, a evolução seria ainda pior do que a observada na Itália, Espanha, França, Alemanha, Suíça e Reino Unido: 47.740 casos.

Para o Estado de SP, que, em 02/04, era responsável por 44% dos casos no Brasil, as projeções para o dia 20/04 variam de 11.154 a 26.777. Já o RJ, no cenário mediano, o crescimento pode ser de 351%, chegando à variação entre 3.156 e 7.576 casos no Estado.

Os estudos do NOIS comparam o Brasil com outros países atingidos pela COVID-19, tendo como parâmetro inicial (Dia ZERO – D0) quando foram alcançados no mínimo 50 casos da doença pela primeira vez. Para a NT6, o NOIS aplicou uma nova metodologia, utilizando um novo conjunto de países, com comportamento similar ao do Brasil, além de acrescentar dois cenários (melhor caso e pior caso) e amortecer a taxa de crescimento para minimizar os efeitos de subnotificação (ou de não notificação) em determinados dias. 

Desobedecer medidas de isolamento pode levar o Brasil ao cenário dos EUA

O comportamento dos cenários é de crescimento, no entanto, a eficácia das medidas de contenção implementadas nas últimas semanas pode influenciar na desaceleração das taxas de crescimentos ao longo dos próximos dias. Por outro lado, o NOIS chama atenção para o fato de que o total de casos confirmados até 03/04 no Brasil apresentou uma taxa de crescimento menor que a de outros países analisados. Provavelmente, devido à subnotificação, ao baixo volume de testagem e à demora nos resultados dos testes confirmatórios. O NOIS alerta ainda que, se as medidas de isolamento não forem continuadas ou se adesão da população diminuir, o Brasil poderia seguir para o cenário dos Estados Unidos. Nessa projeção, entre 03 e 17 de abril, o Brasil pode chegar a 267 mil casos.

Metodologia

Foram mantidos apenas os países que apresentaram uma evolução de taxas de crescimento similar à do Brasil. Além disso, foram retirados da “cesta” os países asiáticos (Irã, Coreia do Sul e China), pois apresentaram um crescimento da doença mais controlado em relação ao Brasil, e também os EUA, cujo crescimento é alto se comparado ao do Brasil. Em contrapartida, adicionaram Suíça e Reino Unido, dois países que possuem um comportamento similar ao nosso. Portanto, a nova cesta é composta por Itália, Espanha, França, Alemanha, Suíça e Reino Unido.

Para minimizar os efeitos de subnotificação (ou de não notificação) em determinados dias, o NOIS amorteceu os dados de taxas de crescimento diárias. Para isso, considerou a média da taxa de crescimento do dia atual e do dia anterior. Tal método permite que a projeção tenha um comportamento suavizado, com um pico mais atenuado entre o número de casos do dia em relação ao anterior.

Com esta nova metodologia, as novas projeções Brasil, RJ e SP consideraram cinco cenários: pior caso, pessimista, mediano, otimista, e melhor caso. Os cenários de pior e o melhor caso são baseados, respectivamente, no pior e no melhor comportamento de todos os países da cesta em um determinado dia. Os cenários otimista, mediano e pessimista são baseados nas estatísticas de 25%, 50% e 75%, respectivamente, obtidas a partir da avaliação do comportamento dos países da cesta, para o respectivo dia.

O NOIS é um grupo de pesquisa formado por profissionais de diversas instituições: Departamento de Engenharia Industrial, PUC-Rio, Instituto Tecgraf, PUC-Rio, Barcelona Institute for Global Health (ISGlobal), Espanha, Divisão de Pneumologia, InCor, Hospital das Clínicas FMUSP, Universidade de São Paulo, Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino – Rio de Janeiro e Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). As análises e previsões aqui divulgadas representam as opiniões dos autores envolvidos no estudo e não necessariamente das instituições às quais são associados.

Mais informações em https://sites.google.com/view/nois-pucrio e no Twitter do NOIS: https://twitter.com/NOIS_PUCRio.

sexta-feira, 3 de abril de 2020
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